segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Dia conjugado


Olho ao meu redor. Paro. Ouço. Praguejo. O entusiasmo chega rápido, com o resultado de meu trabalho. Mas o desânimo também bate quando sou informado de que um túmulo custa em torno de R$18 mil. Penso que esse poderia ser o dinheiro de entrada para um terreninho onde vou construir a casa amarela. E quem não tem dinheiro? Joga-se em algum buraco? Busca-se recursos junto à prefeitura? E a tal dignidade na hora da morte? Entristeço. Uma pontinha de alegria vem de novo, com boas notícias de um velho amigo. Enfim, a vida continua. De novo, sinto que o mundo é injusto quando descubro que uma meninha de apenas 6 anos foi acometida por uma doença que a deixou careca em menos de 20 dias: alopécia areata. Pesquiso.”A alopécia areata afeta aproximadamente 4.6 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Ela caracteriza-se pela perda incompleta de cabelo do couro cabeludo que progride na sua totalidade (alopecia total) e eventualmente acomete todo o corpo (alopécia universal). Apesar da elevada incidência desta condição, desconhece-se amplamente sua base genética. No momento acredita-se em uma combinação de fatores genéticos e ambientais que resultem no fenótipo final”.Em Bauru, a família dessa garotinha ainda procura um caminho para iniciar o tratamento. O dermatologista indica um imunologista ou geneticista... E a família se preocupa com o estado emocional da garotinha. Nesta idade (e em tantas outras) o cabelo é sinal de beleza, de graça, de feminilidade... Penso que deve haver solução. Mas me comovo com essa pequena tragédia. Como será o nome dela? Essa menina terá de reagir... Vai desenvolver outros parâmetros de beleza. Vai encarar o preconceito alheio, mas, enfim, será uma pessoa melhor justamente por não viver nas amarras desta estética determinada.Volto a atenção para o meu dia, de novo. A tarde está caindo e a conjugação está longe de terminar.

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