segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Soltas e perfumadas



Para quem se propõe trazer idéias malucas, tenho sido um tanto melancólica, admito. Mas tenho lutado contra isso. E buscado, cada vez mais, as tão desejadas idéias malucas. Mas é que elas são tão velozes e tão desajustadas... que acabam passando direto, sem tempo para a impressão!Hoje, porém, uma delas ficou impregnada em minhas mãos. E agorinha mesmo estava aqui, olhando para o centro da palma e tentando decifrá-la. Se eu não me equivoquei na leitura, era cheiro de chá de frutas. Imediatamente me lembrei das palavras doces ou das doces palavras impressas – forma com que uma gentil leitora se referiu a nós – e pensei: e se os cheiros se convertessem em palavras assim que fossem capturados por nosso olfato? E elas (as palavras) saíssem pulando de nossa narina, perfumadas e saborosas? Imagine, por exemplo, o cheiro de pão fresquinho? Da minha narina, sairiam flutuando com graça os vocábulos saudade, vó, Maria, infância, sobradinho, balão, Priscila, Ricardo e André... Alípio, sol, piano... Cada um com seu cheiro característico. E num processo muito rápido, o cheiro exalado por cada palavrinha de referência à primeira faria uma multiplicação de outros vocábulos... até encobrir o céu com um verdadeiro léxico!

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