domingo, 24 de maio de 2009

hmmm, dois...

É estranho não ter o que dizer ou não querer dizer nada a pessoas que ainda admiramos e de quem ainda sentimos saudade. Mas acontece. Há dias em que desejamos apenas acenar um "oi", saber se o outro está bem... trocar a mínima energia que seja, mas sem exposição de ideias e sentimentos. Sem demonstrar qualquer outra coisa.
Isso já aconteceu com você?
Comigo é batata. De tempos em tempos sinto isso em relação a pessoas por quem tenho afeto. Sinto uma necessidade latente de me afastar. De parecer uma ostra. Depois de "apanhar" um pouco, percebi que é melhor manter distância de algumas pessoas por mais queridas que sejam. Ao mesmo tempo, é preciso mandar de vez em quando um sinal de fumaça. É como se dissesse: - olha, não quero contato, quero apenas saber se você está bem e registrar que, se preciso, pode contar comigo. Estranho, né? Mas é coisa de gente. Gente é assim. Complicada...
Ótima semana!

domingo, 17 de maio de 2009

Era a hora

"A hora era aquela e eles não entendiam. Eu não queria que aquela história fosse cheia de personagens, de vida, de recheio. Queria que fosse mais a minha cara: pálida, de olhar através. O leitor teria de ter paciência. Tudo desenrolaria, lenta e discretamente.
/.../
Demorei muito tempo para entender que não adiantava querer sua opinião. Ele jamais se expressaria de forma direta - nem indireta. Ele era o que chamamos de uma ‘ostra’. Fechado como uma ostra.
E, agora, pensaria na ostra e escreveria para ele. É como se isso me desse uma força invisível capaz de me tornar uma quase-escritora. Imaginar suas mãos apanhando este papel e voltando os olhos atentos para essas linhas tortas me alivia. É, mais uma vez, a comunhão. Nesse momento, comungo com você o deleite de estar viva e o desespero vazio de ter de seguir adiante no meu raciocínio torto e nas minhas risadas brancas. Um riso irritante de quem quer apenas passar despercebida e aceita. Sim. Ser aceito é praticamente tudo o que um ser humano deseja da vida que lhes deram. Neste caso, tentei recuperar o que me sobrara de humanidade naquela tarde de outono. Mas, tudo o que consegui foi confirmar minha condição de espectadora. Por um átimo de segundo fui, sim, o sujeito daquela ação que, agora, me causa horror. Mas, imediatamente retornei à minha condição de origem.
De nada adiantariam pedidos de perdão. Fiz o que minha mera existência exigia de mim. Você me entende?
A maior volúpia, então, é ter seus olhos maiores sobre meus pesares. Estamos, mais do que nunca, entregues à paixão. Paixão que nos consome e que me torna você. Só agora entendi que gritamos mudos numa só direção".