terça-feira, 26 de agosto de 2008

Do quarto (escuro)

Já se passaram dez dias desde que postei mais um tímido textinho. É. A coisa tá feia. As histórias continuam nas ruas. Pulsantes. Eu é que ando "enquartada". Não que tenha perdido o interesse. Não é isso. Por exemplo, ouvi dias atrás a história de Judith - uma idosa enfartada e revoltada com a maneira como os "velhos" são tratados pela sociedade. Ela até me convidou para comer umas tortilhas em sua casa (ela tem cidadania espanhola e paixão pela cultura de seu povo), mas me senti tão impotente diante de seus problemas... Não criei coragem de encarar essa conversa. Nem quero encarar a velhice. É tudo tão assustador...
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E o horário político? É praticamente um show de horrores. Eu me dou o direito de calar. Afinal, estou longe da redação diária...
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O INSS até que tem tornado seu atendimento mais humanizado. Há uns três meses, com cartas de dois especialistas taxativos ao descreverem sua incapacidade para o trabalho, meu pai tenta obter um auxílio-doença. Depois de um indeferimento, ele aguarda nova perícia, confortavelmente sentado em poltronas almofadas e com senha marcada. Está melhor, reconheço!
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E o seu Joaquim (um velhinho que mal consegue pronunciar uma palavra), que fazia um fala cidadão por dia na redação onde trabalhei, pasme, é candidato a vereador! Xi, falei de eleição!
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Por fim, a vida segue adiante, ainda que a gente tente se trancar no quarto escuro.
Ótima semana!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mensagem jamais enviada

Ela escreveu um email num momento de desespero. Durante mais uma tentativa inútil de abandonar seus sentimentos por aquele canalha declarado, de risinho cínico e olhar envolvente. Eu disse para ela pular fora. Avisei para sair daquela relação antes de se apaixonar de verdade... Mas ela é teimosa. Nunca me ouve... Eis, a tentativa infeliz, que felizmente nunca saiu de sua caixa de rascunhos... E, cá entre nós, mulher gosta de se enganar. Só pode ser isso!

“Bom, pelo pouco que você pôde me conhecer, deve saber que não costumo abandonar nada enquanto não tenho a certeza de que não vale mesmo a pena... É por isso que escrevo hoje, numa tentativa de virar a página de vez.
Bom, em resumo, sei que você está namorando. E, ao que tudo indica, mais uma vez vive uma história repentina de amor profundo, com demonstrações públicas de carinho, que aliás me surpreendem... Mas eu confesso que duvido um pouco de tudo isso. Duvido dessa alegria anunciada. E tenho sentido muito a tua falta. Por isso, sem saber bem se devo, decidi dar a última cartada, dizendo exatamente o que ocorre: eu ainda amo você!
Não adoro, como costumava dizer... Amo mesmo, considerando todos os defeitos e deslizes. Imagino que a essa altura essa declaração não faça muita diferença. Mas na dúvida, decidi falar pela última vez, antes de abandonar essa história de vez. Por enquanto, não fiz força. Talvez até tenha alimentado esse sentimento, mas agora quero mesmo esquecer tudo. Antes, porém, precisava dizer de novo que sinto tua falta. Dizer que sempre que viajo gostaria de dividir as cenas e os olhares com você. Dizer que o teu cheiro ainda está em mim. E foda-se! Falei!”

É ou não é uma ação desesperada? Ô, garota, pára com isso. Sai dessa. A fila anda, pô! Obs.: A história é verídica e vivenciada por uma grande amiga que aceitou publicar o texto para levantarmos uma questão muito comentada em mesas de bar. Afinal, por que a gente entra em tantas furadas? Será que, apesar de espontânea e desprendida, posturas como esta não motivam canalhas de plantão a continuarem por aí a destruir corações? O mesmo ocorre com as SMS fora de hora, recadinhos via e-mail, ligações no meio da noite... Conheço muitas mulheres que já cometeram esses "pecadinhos" de amor. Eu mesma já fiz algo parecido. Mas, em geral, todas se arrependem muiiiito depois do "desabafo". Fica a sugestão para comentários!